quinta-feira, 30 de novembro de 2023

APDSI alerta sobre a "European Cybersecurity Certification Scheme for Cloud Services"

European Cybersecurity Certification Scheme for Cloud Services

ALERTA

 

30 de novembro de 2023

 

A APDSI alerta para os potenciais riscos económicos e de restrição ao desenvolvimento digital da Europa derivados dos requisitos em discussão do European Cybersecurity Certification Scheme for Cloud Services (EUCS).

A APDSI manifesta a sua preocupação relativamente ao European Cybersecurity Certification Scheme for Cloud Services (EUCS), que está a ser discutido no âmbito da diretiva da União Europeia Network and Information Systems 2 (NIS 2), e ao seu potencial impacto negativo no desenvolvimento tecnológico na Europa.

A União Europeia (UE) comprometeu-se a liderar a atual década digital, através de reformas que pretendem intensificar a confiança e o investimento na conetividade digital e na inovação.

Reconhecemos a importância do objetivo do EUCS, e consideramos a sua importância para o ecossistema europeu, no entanto, alertamos que os requisitos do atual projeto podem colocar em causa a evolução da cibersegurança, a adoção de cloud e o desenvolvimento tecnológico na Europa, em particular no desenvolvimento de IA generativa em setores críticos.

Atualmente, o projeto impede os fornecedores de serviços de nuvem (Cloud Service Providers - CSP) que não tenham a sua sede global na Europa e que não sejam totalmente detidos por uma entidade da UE de se qualificarem para o nível mais elevado de certificação de cibersegurança. No texto em discussão, o nível mais elevado de certificação destina-se a ser amplamente aplicado aos dados relacionados com a ordem pública, a segurança pública, a saúde pública ou o desempenho de funções governamentais essenciais.

A Agência Europeia para a Segurança das Redes e da Informação (ENISA) desenhou o European Cybersecurity Certification Scheme for Cloud Services (EUCS)[1], concebido inicialmente como um sistema voluntário de certificação de cibersegurança para que as empresas demonstrassem a sua fiabilidade e a eficácia dos seus métodos de segurança[2].

A pedido da Comissão Europeia e de alguns Estados-Membros da UE, a ENISA acrescentou requisitos de soberania, promovendo a "soberania digital" europeia, impedindo fornecedores não europeus de serviços de computação em nuvem.

Embora o EUCS possa, em última análise, promover o crescimento dos prestadores de serviços de computação em nuvem europeus através de políticas comerciais e de investimento especiais, o seu impacto imediato seria o de limitar as empresas europeias nos serviços de computação em nuvem que podem contratar.

Os requisitos de “soberania digital”, isto é, a exigência de que as empresas tenham sede na União Europeia, armazenem dados europeus na União Europeia e que só permitam o acesso a esses dados por parte de pessoal da União Europeia, para obter a certificação mais elevada, são requisitos que serão uma barreira ao acesso ao mercado. Pode-se prever que,

a.      Estes requisitos vão criar barreiras à entrada de empresas sediadas fora da UE e de empresas da UE com operações e investimentos internacionais, o que irá limitar a concorrência no mercado da computação em nuvem, aumentar o custo dos serviços e limitar a escolha de parceiros tecnológicos de confiança para as empresas europeias.

b.      Impedem que a grande maioria dos fornecedores não europeus de serviços de computação em nuvem ofereçam os seus serviços aos clientes da UE que exigem o nível mais elevado (High+) de certificação, limitando consideravelmente a adoção da certificação pelo mercado e atrasando a digitalização dos serviços e processos da UE.

        Neste contexto sugerimos a leitura de The Economic Impacts of the Proposed EUCS Exclusionary Requirements: Estimates for EU Member States [3], desenvolvido por o European Centre for Internacional Political Economy (ECIPE).

Assim a APDSI, perante este quadro, alerta para o risco real da medida European Cybersecurity Certification Scheme for Cloud Services (EUCS) discriminar as clouds não europeias e criar um problema aos seus clientes europeus e muito particularmente no contexto português.

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