quarta-feira, 22 de novembro de 2017

APDSI no maior evento de tecnologia da Europa: E depois da Web Summit 2017?



Depois da edição de 2017 da Web Summit em Lisboa, por onde passaram mais de 59 mil pessoas de cerca de 50 países, um comentário de Luís Vidigal, presidente da Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade da Informação, a título pessoal nas redes sociais, gerou uma acesa troca de opiniões em torno do associativismo e das novas tecnologias na Sociedade da Informação.

Num dos três dias do evento, e ao partilhar um Uber Pool para sair da Web Summit com um orador e jornalista do New York Times, a conversa sobre o "Portugal das startups" foi incontornável. Luís Vidigal acredita que continuamos a demonstrar grandes sinais de debilidade em questões estratégicas e estruturais. «Portugal parece ser um país feito de iniciativas descartáveis e de curto prazo. Quando eu lhe disse que era presidente da APDSI, enquanto associação de referência deste setor, ele perguntou-me porque não tínhamos sido envolvidos na organização. Fiquei sem palavras... Mais uma vez o país demonstrou uma completa desassociação entre o evento em si e a estratégia de desenvolvimento para a sociedade da informação e do conhecimento».

Na opinião do presidente da Associação, pelo preço que cada startup tem de pagar pelo «minúsculo espaço» que lhe é atribuído e que pouco retorno lhe traz, o evento «serviu apenas como palco para políticos na sessão de abertura e demonstrou mais uma vez o total desrespeito pela sociedade civil no nosso país».

De entre as opiniões que o comentário originou, várias são as que sublinham a vantagem de um evento como este, enquanto propagador de Portugal como país cheio de valências turísticas, mas vazio de quaisquer oportunidades reais de trabalho e crescimento económico. Esse dinheiro com que Portugal alavanca o projeto de Paddy Cosgrave «investido na internacionalização da nossa indústria, em particular na que cria volume de emprego para a mão de obra menos qualificada que temos, e para a qual não há empregabilidade», seria, provavelmente, mais produtivo, lê-se nos comentários.

Há, contudo, quem olhe para a Web Summit como apenas «um evento corporativo que tem uma organização focada no lucro».

Não restam muitas dúvidas de que Portugal é um ótimo anfitrião de festas, conferências e festivais, além de sermos excelentes a "vender" o nosso espaço, gastronomia e sol, mas o futuro parece estar ainda longe de nos reservar um lugar de destaque no panorama mundial das novas tecnologias. «Ouvi algumas vozes livres e disruptivas na arena, mas nenhuma foi portuguesa», aponta Luís Vidigal.

Só este ano a APDSI organizou seis conferências, dois fóruns de reflexão, elaborou dois estudos e assumiu publicamente duas tomadas de posição, organizou as olimpíadas nacionais e internacionais de informática e tornou-se num ponto focal para a implementação do RGPD - Regulamento Geral para a Proteção de Dados. Estas iniciativas foram sustentadas sem qualquer apoio estatal.

Neste ponto, e, mais uma vez, refletindo as opiniões que o post motivou, há quem entenda que o Estado se deve demitir destas questões.

Nesta reta final de 2017 e depois de um novo rumo traçado pela Direção que tomou posse em março, a APDSI volta a assumir-se como um espaço de reflexão sobre a era digital, caracterizado por pensamento livre, independente e interventivo. A APDSI constitui-se como um ponto de encontro em Portugal, entre empresas, profissionais, académicos e instituições públicas, tendo como objetivo o desenvolvimento e a transformação digital do país de forma inclusiva e sustentada, através da dinamização de 14 grupos permanentes. 

Sobre a falta de diálogo inicialmente apontada pelo presidente da APDSI entre a Associação e a organização da Web Summit, várias foram as vozes que afirmaram ser necessário «algo semelhante que junte as empresas transformadoras escondidas por Portugal fora e que contribuem realmente para a exportação. Que inovam sozinhas e que devem ser apoiadas ao invés de unicórnios sobrevalorizados».

Para a Associação continuar a crescer e a fortificar a sua influência na Sociedade da Informação são necessários mais sócios e mais vozes nesta luta pela promoção e desenvolvimento da Sociedade da Informação em Portugal.

Sem comentários: