Portugal tem vindo a realizar desde há dez anos fortes investimentos públicos na área da modernização tecnológica e formação em novas competências. Tem sido assumido pelos sucessivos Governos a prioridade conferida à missão de estimular fortemente a acessibilidade e participação, assegurando a dinamização, o desenvolvimento e a consolidação das Tecnologias de Informação e Comunicação como um instrumento central de modernização e melhoria da qualidade de vida da sociedade portuguesa. Ao fim deste tempo todo, muito falta fazer. Portugal ainda não conseguiu aceder à “rede” e um sentido de urgência se impõe na mudança do paradigma da nossa sociedade.
A construção duma Sociedade da Informação e do Conhecimento é um desafio complexo e transversal a todos os actores e exige um capital de compromisso colaborativo entre todos. Em 2009 Portugal é já claramente um país da linha da frente em matéria de infra-estruturas de última geração – para além da ligação das escolas e de grande parte de instituições públicas em banda larga, a modernização administrativa da Administração Pública Central e Local avançou em grande ritmo e existe uma Rede de Espaços Públicos de acesso universal à internet, com grande impacto em zonas mais isoladas e segmentos sociais mais desfavorecidos.
Apesar do enorme progresso registado, os sinais empíricos evidenciam uma leitura menos positivo do comportamento da sociedade portuguesa em termos dos requisitos que a Inovação e a Criatividade implicam. A consolidação duma Sociedade do Conhecimento em Portugal implica, antes de mais, saber responder às seguintes questões:
- Qual o caminho a dar às TIC enquanto instrumentos centrais duma política activa de intervenção pública como matriz transversal da renovação da nossa sociedade ?
- Qual a forma possível de fazer das empresas (e em particular das PME) os actores relevantes na criação e valor e garantia de padrões de qualidade e vida social adequados, num cenário de crescente “deslocalização” económica?
- Qual o papel efectivo da educação como quadro referencial essencial da adequação dos actores sociais aos novos desafios da sociedade do conhecimento? Os actores do conhecimento de que tanto se precisa são “educados” ou “formados”?
- Qual o papel do I&D enquanto área capaz de fazer o compromisso necessário entre a urgência da ciência e a inevitabilidade da sua mais do que necessária aplicabilidade prática para efeitos de indução duma cultura estruturada de inovação?
- Qual o sentido efectivo das políticas de empregabilidade e inclusão social enquanto instrumentos de promoção dum objectivo global de coesão social? O que fazer de todos os que pelo desemprego se sentem cada vez mais marginalizados pelo sistema?
Pretende-se desta forma criar as condições para a qualificação “em rede” dos diferentes Actores que dinamizam o país, proporcionando uma verdadeira “agenda de modernidade”, participativa e apostada no novo paradigma da competitividade, essencial para a criação duma oportunidade nacional na economia global. O Conhecimento ganha desta forma um estatuto central na mudança do paradigma de desenvolvimento do país, materializado no compromisso entre Coesão Social e Competitividade.
A experiência de implementação dos Projectos executados nos últimos anos, envolvendo as mais variadas naturezas de Entidades (Administração Pública Central, Local, Universidades, Centros I&D, outras Entidades) constitui um laboratório único a desenvolver no futuro. Portugal não pode fugir ao desafio de se tornar verdadeiramente uma Sociedade do Conhecimento. Para isso, o nosso contributo individual numa rede colectiva moderna será fundamental.
(x) Gestor do Programa Operacional Sociedade do Conhecimento
2 comentários:
Todos sabemos que as novas tecnologias geram novas ideias e projectos. Uma aposta clara na gestão de conteúdos digitais é fundamental. É cada vez maior a quantidade de informação que é produzida e "nasce" todos os dias.
Os desafios da nova era da Sociedade da Informação e do Conhecimento passam por transformar os arquivos tradicionais das empresas em activos. No entanto, além dos recursos financeiros e materiais, os activos humanos são, sem dúvida, o momento da verdade. Alguns exemplos.
1. Muitas organizações denotam modesta orientação para o desempenho;
2. Temos uma cultura tendencialmente policrónica - em oposição às culturas monocrónicas, nas quais a pontualidade impera;
3. Os níveis de organização são modestos. Há regras, normas, procedimentos para "conforto" mas somos pouco focados a alcançar objectivos;
4. Os Portugueses tendem a ser mais simpáticos para as pessoas e são bons negociadores, tentando sempre encontrar uma via pacífica;
5. O investimento no futuro é inferior ao desejável. Planear é ainda uma ousadia valendo-nos a capacidade de improvisação livre;
6. Valoriza-se os comportamentos orientados para os interesses da família e dos grupos de pertença, mas continuamos a descurar o sentido de responsabilidade perante o colectivo mais amplo;
7. Temos um certo fetiche pelas figuras de autoridade para além do desejável. Um passado ditatorial que se começa a sentir de novo dada a dificuldade em expor discordâncias perante as chefias.
Portugal é um país moderno e cheio de potencialidades. A atitude, a cultura e a mentalidade não podem resignar-se a olhar para o passado mas a viver o presente e a sonhar com o futuro. Basta viajar pelo Mundo para nos apercebermos que nem somos assim tão péssimos como pensamos que somos.
Promover uma cultura de rigor, ser exigente com todos - a começar por nós próprios, estimular o espírito de risco/iniciativa e encarar os erros como oportunidades para aprender, podem ser orientações positivas. Cabe a cada um de nós dinamizar acções e ser assertivo perante a indiferença reinante.
O balanço sintético dos 10 anos de SICSS (Sociedade da Informação Conhecimento,Saberes e Sabedoria)indexado à Competitividade do País (que convém distinguir da das empresas de per si),enquanto optimização do"triangulo Produtividade,Qualidade e Renatilidade (em sentido lato), continua por fazer de uma forma clara e transparente.
Optimista mas realista.
Séria e de relançamento.
Menos Propagandística e mais terra a terra.
Porque não há almoços grátis em sede de deficit económico/tecnológico e sociofinanceiro.E o País "simplex" é bom mas ainda é demasiado "bombeiro".
E o balanço do Plano Tecnológico é insuficiente (e enviesado "raciosfalando", no meu ponto de vista)quando analisado em sede do "falhanço" a mais de 50%, da estratégia de Lisboa (foi a crise...).
"Começar de novo" sem deitar fora o que está feito tem de estar para além dos Poderes temporários no Poder(em sentido estrito).
Tem de ser um designio nacional mais abrangente e preserverante.
Em que não viva toda a gente à sombra do Estado (de sitio).
FVRoxo
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