domingo, 30 de novembro de 2014

A TECNOLOGIA E A NOVA GERAÇÃO DE RELATÓRIOS





 O novo paradigma de negócios inerente ao Desenvolvimento Sustentável - expresso, tradicionalmente, pelas dimensões ECONOMIA, AMBIENTE, SOCIAL, mas formula esta que tem verificado evoluções, havendo hoje, por exemplo,   uma que lhe acrescenta GOVERNANÇA e CULTURA - tem associado  novos modelos de RELATÓRIOS.  E,  em curso, desde alguns anos, o movimento  <IR> - Integrated Reporting. Em sintese, mais do que haver o Relatório Anual, por um lado, e o Relatório de Sustentabilidade, por outro, defende-se a existência  de um relatório UNIFICADO de natureza estratégica. Neste quadro, acaba de ser lançada  pelo IIRC a New <IR> Technology Initiative de que se pode saber na imagem acima e mais diretamente no seu site.
Quem sabe, com esta iniciativa  no País se deixade estar«à margem» deste processo  a que, a nosso ver, já se vai chegar atrasado. E quem sabe, também,  a APDSI tem aqui uma frente de trabalho.  
 

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

APDSI quer uma web sem restrições para os cidadãos com necessidades especiais



A APDSI e a Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., realizaram, a 27 de novembro de 2014, o Fórum da Acessibilidade Web 2014. O encontro realizou-se na Fundação Portuguesa das Comunicações, em Lisboa.

Na edição deste ano foi apresentado o estudo “Acessibilidade Web - Ponto de situação nas empresas portuguesas 2014”, da autoria de alunos e professores da UTAD (Universidade de trás os Montes e Alto Douro), membros do Grupo de Negócio Eletrónico (GNE) da APDSI, também foram dadas dicas para os programadores informáticos melhorarem a acessibilidade dos sites que constroem, além de terem sido apresentados os resultados dos níveis de acessibilidade dos conteúdos web dos municípios portugueses e no setor da saúde.

No estudo sobre Acessibilidade Web feito aos 790 sites das 1000 Maiores PME’s Portuguesas, e que teve em conta uma média de 2742 elementos por site (conteúdos das páginas), concluiu-se que apenas quatro desses sítios na web cumprem as normas de acessibilidade. Este número apresenta um decréscimo em relação ao estudo apresentado em 2011, no qual 155 empresas estavam de acordo com a norma, mas é preciso ter em conta que no estudo anterior o objetivo era cumprir com as WCAG 1.0 (Web Content Acessibility Guidelines) e no mais recente o padrão de avaliação subiu para as WCAG 2.0. Apesar de não haver diferenças muito substanciais entre um e outro conjunto de diretivas, a verdade é que as normas WCAG 2.0 se focam nas mais recentes tecnologias de navegação na web e naquelas que virão a tornar-se de consumo massivo a breve prazo. Este estudo, que o professor Ramiro Gonçalves define como «o maior alguma vez feito pela equipa de investigação», também introduz, pela primeira vez, uma análise geográfica relativa às zonas com maior ou menor incidência de erros nos sites. O interior do país é onde se verifica uma maior percentagem de sítios na web que não estão em conformidade sendo que, como explica o professor, «isto só acontece porque também é a zona com menos empresas e menos sites, portanto, basta haver um que tenha erros que vai logo influenciar muito o resultado final».

Sobre os resultados que, mais uma vez, não são muito positivos, o professor Ramiro Gonçalves aponta o dedo à falta de sensibilidade por parte dos responsáveis técnicos: «Todas as entidades procuram visibilidade na web e esquecem-se que os motores de busca se baseiam precisamente nos mesmos elementos que são valorizados quando falamos de acessibilidade web. Incorporar deve ser algo sempre presente na web. Há 10% de pessoas em Portugal com alguma necessidade especial e mais de 70% utilizam a Internet com regularidade mas há pouca sensibilidade para esta temática e uma manifesta falta de informação». O investigador da UTAD e membro do GNE da APDSI acredita que a atribuição de um prémio, e não propriamente o denunciar dos erros, poderia ajudar a combater alguma desta ausência de conformidade para com a acessibilidade web.

“Melhorar a Acessibilidade Web - Uma Estratégia Baseada na Correção dos Erros Mais Comuns” foi apontada por José Martins, também investigador da UTAD, que apontou as soluções «simples de corrigir» para os cinco erros com maior incidência nos resultados do estudo deste ano: a utilização de tamanhos relativos em detrimento de tamanhos absolutos, ou seja, o tamanho da página é definido em píxeis em vez de ser definido em percentagens; imagens sem “alt”, a alternativa textual para os conteúdos multimédia que é essencial para poderem ser lidas por ferramentas de navegação assistida; o contexto dos links, onde falta um texto intuitivo para o descrever; o destino dos links, em que muitos navegam para uma nova página sem avisar o utilizador, o que o faz perder o contexto de navegação; vários links com o mesmo nome a encaminharem para sítios diferentes.

«As boas práticas de programação e coerência são garantia de um bom resultado final. Existe um conjunto de erros facilmente corrigíveis que lhes ia melhorar muito os níveis de acessibilidade da web», aponta José Martins como solução no imediato para correção das grandes falhas encontradas na pesquisa.

Coube a Jorge Fernandes, da FCT, mostrar os resultados para a análise feita à “Acessibilidade dos Conteúdos Web dos Municípios Portugueses” onde foi possível chegar ao top 5 dos sítios com melhores práticas de acessibilidade. São eles Loures, Alcoutim, Soure, Faro e Aljezur. A amostra foi de 307 dos 308 sites de municípios portugueses (apenas um é de tal forma lento que a ferramenta “access monitor” não o consegue avaliar). Apesar de ainda haver diversos aspetos a corrigir, mesmo entre os sites que estão no top 5, Jorge Fernandes avalia de forma positiva a evolução que os sites das autarquias têm registado: «Em 2001 muitos dos sites das autarquias eram apenas um cartão de visita ou um site de jogos para crianças. Em 2005 houve um impulso grande e os sites começaram a ganhar corpo e a tornarem-se adultos». O investigador da Fundação para a Ciência e Tecnologia esclareceu, ainda, que todos os sites que disponibilizem exclusivamente informação estão obrigados a cumprir o nível “A” das WCAG 2.0, desde fevereiro de 2013, e o Regulamento Nacional de Interoperabilidade Digital recomenda mesmo para este tipo de sítios web o nível “AA”. Todos os sites que disponibilizem serviços online estão obrigados a cumprir o nível “AA” das WCAG 2.0 e o RNID recomenda o nível “AAA” para este tipo de sítios Web. A legislação não se aplica, contudo, a entidades privadas.

Ana Neves, diretora do departamento da Fundação para Ciência e Tecnologia que nasce da extinção da UMIC - agência para a sociedade do conhecimento, sublinha que, ao nível europeu, Portugal está isolado de forma positiva em relação aos outros Estados Membros nestas questões de acessibilidade web: «Entendemos que o desenvolvimento do país requer plataformas, inclui trabalho em rede e a partilha de objetivos comuns. Pessoas com necessidades especiais também são os idosos. A Internet permite reduzir muitos obstáculos de acessibilidade, o que é preciso são ajudas técnicas que satisfaçam normas básicas de acessibilidade».

A fechar o Fórum da Acessibilidade Web da APDSI, Pedro Moreira, da Escola Nacional de Saúde Pública / Universidade Nova de Lisboa, apresentou os resultados da sua análise à Acessibilidade dos Conteúdos Web no Setor da Saúde nas áreas de Administração Direta do Estado, Administração Indireta do Estado, Setor Empresarial do Estado, Parcerias Público-Privadas, Unidades de Saúde Familiar e Setor Público Administrativo, tendo sido este o que apresenta melhores resultados.

Veja aqui as apresentações do Fórum da Acessibilidade Web 2014.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Mercado da eletrónica cresce com a ajuda dos smartphones e tablets



O mercado da eletrónica em Portugal está a crescer. No terceiro trimestre do ano foi registado um crescimento superior a 11% quando em comparação com igual período de 2013. O segmento das telecomunicações, onde estão incluídos os smartphones, foi o que mais cresceu durante o último ano, ao apresentar um registo quase 30% superior. Os números foram avançados pela GfK que destaca o crescimento de 7% registado na compra de tablets, mas apesar deste resultado positivo, ainda são os computadores quem mais contribui para o grosso das receitas conseguidas em TIC. 

No total os portugueses gastaram 617 milhões de euros em produtos de eletrónica entre os meses de julho e setembro deste ano. As telecomunicações contribuíram com 159 milhões, com as tecnologias da informação (que inclui computadores e tablets) a ocuparem a segunda posição. 

Olhando para os índices disponíveis sobre o mercado da eletrónica em Portugal percebe-se que apenas o segmento da fotografia está em crise. Na análise da GfK é referido que existem segmentos que estão a atrair o interesse dos consumidores, como as smart cameras e as compactas de lentes intermutáveis, mas ainda assim a quebra é muito significativa: perto de 28%. 

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Banda larga volta a aumentar em Portugal



63% das famílias portuguesas usam banda larga. Os números são do Instituto Nacional de Estatística e também revelam que a Internet móvel está a ganhar terreno às tecnologias de acesso fixo.

Segundo estes dados, mais de metade dos utilizadores de Internet (57%) usa a rede a partir de dispositivos móveis ou, pelo menos, tirando partido de acessos móveis. A utilização deste tipo de tecnologia aumentou 19% no último ano e está a níveis idênticos aos do resto da Europa. 

Os números também mostram que as famílias utilizadoras de banda larga (63%) estão sobretudo no litoral do país, na região de Lisboa, onde 72% dos agregados têm banda larga em casa. 

Os números traduzem um crescimento, mas Portugal continua abaixo da média europeia neste indicador. Na UE, 76% das famílias têm banda larga em casa. Nas empresas, os números apurados pelo INE revelam que a banda larga tem uma penetração de 95%. A banda larga móvel nas empresas chega a 66% das organizações com 10 ou mais colaboradores. Há um ano chegava apenas a 54% das empresas.

Nas grandes empresas a penetração destes serviços atinge os 95%. Nas pequenas empresas não vai além dos 63%. 

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

«The Internet of Everything»




Do nosso ponto de vista, a não perder a HBR de novembro 2014, nomeadamente:

How Smart, Connected Products Are Transforming Competition

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Fundos comunitários 2014-2020: Foram aprovadas as regras gerais dos programas operacionais e dos programas de desenvolvimento rural



Foi publicado em Diário da República o Decreto-Lei nº 159/2014, que estabelece as regras gerais de aplicação dos Programas Operacionais e dos Programas de Desenvolvimento Rural, financiados pelos Fundos Europeus Estruturais e de Investimento no período de programação 2014-2020. Os Programas Operacionais (PO) financiados pelos Fundos Europeus de Investimento (FEI) são designados por “Portugal 2020”.

Os Programas Operacionais temáticos são quatro: competitividade e internacionalização, inclusão social e emprego, capital humano, sustentabilidade e eficiência no uso de recursos. Há, ainda, um PO de assistência técnica e outro de âmbito nacional, designado “Mar 2020”. Trata-se de um modelo de desenvolvimento assente na preservação e utilização sustentável dos recursos e serviços dos ecossistemas marinhos, apontando um caminho de longo prazo para o crescimento económico, inteligente sustentável e inclusivo, assente na componente marítima. De recordar que a Economia do Mar é uma matéria que também vai ser objeto de atenção por parte da APDSI em breve.

O Decreto-Lei prevê, também, a valorização dos resultados de uma operação, decorrentes de uma avaliação das suas consequências financeiras, e reforça uma simplificação e transparência de todo o sistema de aplicação dos FEEI. Na prática este Decreto-Lei vem esclarecer como se pode ter acesso a fundos comunitários no quadro que termina em 2020 e que consagra as políticas de desenvolvimento económico, social, ambiental e territorial necessárias para apoiar, estimular e assegurar um novo ciclo nacional de crescimento inteligente, sustentável e inclusivo.

Neste âmbito prevê- se a existência de um portal comum, também designado por “Portugal 2020”, que deverá funcionar como porta de entrada comum a todos os interessados em aceder ao financiamento, além de disponibilizar informação relevante sobre a aplicação dos FEI, nomeadamente sobre as operações aprovadas, os montantes atribuídos e os beneficiários apoiados. Outro aspeto que é de particular importância para a APDSI tem a ver com o fato de o regime jurídico de aplicação dos fundos ficar disponível e acessível eletronicamente, numa versão permanentemente atualizada e consolidada, no portal do “Portugal 2020”, consagrando, assim, o princípio da desmaterialização tão apoiado e perseguido pela Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade da Informação.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Fórum da Acessibilidade Web 2014



A APDSI e a Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., vão realizar, a 27 de novembro, o Fórum da Acessibilidade Web 2014. O encontro vai realizar-se entre as 14h30 e 17h30 na Fundação Portuguesa das Comunicações, em Lisboa.

O Fórum da Acessibilidade Web visa lançar um amplo debate sobre as necessidades de acessibilidade específicas que os cidadãos com alguma deficiência ou incapacidade têm e quais as ideias, medidas e projetos que estão a ser discutidos e implementados atualmente para colmatar a situação.

Por acessibilidade web entende-se a possibilidade de todos os cidadãos, independentemente das necessidades especiais que possam ou não ter, percecionarem, perceberem, navegarem e interagirem com a realidade online. 

De acordo com dados da Comissão Europeia, existem cerca de 50 milhões de cidadãos europeus com deficiências que necessitam de ter acesso a conteúdos web (UE 2010). Segundo fonte da Confederação Nacional dos Organismos de Deficientes (CNOD 2010), um milhão desses potenciais utilizadores estão em Portugal o que inspira a APDSI e a FCT a colocarem o tema entre as prioridades dos responsáveis pelos sítios na web de empresas e instituições.

A acessibilidade web pode ser analisada em várias dimensões: ética no que respeita aos direitos à igualdade de acesso, social tendo em conta o envelhecimento da população mas também económica tendo por base o potencial económico de todas as pessoas envolvidas.

A participação na conferência é gratuita. As presenças estão sujeitas a inscrição prévia aqui e ficarão condicionadas à disponibilidade de lugares na sala.

«Mobile For Good»


«An expert in nonprofit fundraising shows how to take full advantage of today's fastest-growing digital platformThe author of Social Media for Social Good provides a practical, step-by-step guide to launching a new website and email newsletter that is compatible with mobile devices, as well as optimizing their efforts on Facebook, Twitter, Google+, LinkedIn, YouTube, and other sites for mobile devices». + 
E o blogue Nonprofit Tech for Good onde a autora escreve.



quarta-feira, 12 de novembro de 2014

APDSI apresenta estudo sobre Gestão Documental



A APDSI realizou ontem a “Conferência Gestão Documental e Governança da Informação - O Debate necessário” que coincidiu com a apresentação do estudo “Gestão Documental na Governança da Informação” da autoria do Grupo de Informação Documental (GID) da APDSI.

A conferência juntou quase três centenas de participantes na Torre do Tombo, em Lisboa, cumprindo com o objetivo principal da Associação que pretende colocar na agenda dos decisores da administração pública e da generalidade das empresas nacionais a importância da gestão nos recursos documentais.

Com o aumento da informação não estruturada no seio das organizações e com o recurso cada vez mais recorrente à
cloud, a APDSI está preocupada com a manutenção da informação que circula atualmente, quer em papel, quer em suporte eletrónico. Mas para que a desmaterialização de documentos e processos seja feita e assegurada com segurança, a Associação alerta para o cumprimento do MoReq 2010, um “Modelo de Requisitos para a gestão de arquivos eletrónicos” que, nesta sua mais recente versão de requisitos modulares para gestão documental, pretende garantir que apenas os serviços essenciais sejam capazes de satisfazer os requisitos de qualquer organização, sendo os requisitos específicos de cada uma das organizações incorporados em módulos separados.

O caderno normativo para a gestão documental é da autoria de Jon Garde, vice-presidente do DLM Fórum, que, na conferência da APDSI, começou por lembrar que devemos aceitar que não podemos guardar toda a informação. Devemos sim, em vez disso, saber escolher o que pode ser deitado fora e o que deve ser preservado. «Não podemos resolver estes problemas individualmente mas sim juntos. Os documentos devem poder migrar de sistema em sistema se tivermos a intenção de os preservar por 100 anos», afirmou Jon Garde.

Mantendo intactas as características originais de um determinado registo, como a autenticidade, confiabilidade, integridade e usabilidade, o  responsável pela Fundação “Document Lifecycle Management” defende que é preciso avançar em relação ao muito popular pdf e preservar os documentos em html e java, por exemplo: «Os registos têm de se juntar numa espécie de “atomic record”, algo que crie um documento único com registos em metadata e permita refazer a história desse documento que estará sempre a crescer». A primeira versão do MoReq data de 2001 e neste momento já se caminha para a versão 2015 «com novos módulos, plug ins, extensões, novos serviços e maior integração». A implementação open source é, segundo Jon Garde, um dos objetivos a alcançar.

Rafael António, coordenador do GID da APDSI, introduziu o estudo com um apelo no sentido de que «a tecnologia não pode mais ser considerada isoladamente, tem que ter a componente processual, organizacional e social. Os sistemas têm que passar de gestão documental para preservação digital. É preciso articular as duas gestões de forma harmoniosa».

Segundo explicou o coordenador do grupo de trabalho, na origem da elaboração do estudo esteve precisamente o fato de haver interpretações diferentes sobre o que é gestão documental, gerando a necessidade da criação de um léxico comum. «Não é um trabalho científico; o estudo tem em vista aprender com as boas práticas, por isso qualquer um pode participar e contribuir para o seu enriquecimento futuro», apresentou Rafael António. O estudo, distribuído aos presentes na conferência e disponível em versão digital no sítio na web da APDSI, está agrupado em três partes: gestão documental, gestão por processos de negócio e preservação digital de documentos.

Houve também a preocupação de perceber se a lei obriga a ter esse cuidado especial com os documentos. Nesse sentido, Paulo Ferreira, também do GID, apresentou o levantamento que foi feito sobre a legislação criada nos últimos 20 anos para a gestão documental. Para o GID o quadro legal existente carece de uma nova forma de olhar para os documentos enquanto ativos fundamentais da Sociedade da Informação. Para isso, o grupo sugere a designação de uma entidade com poderes sancionatórios: «Enquanto as pessoas não perceberem que não podem deitar fora documentos com três anos ou menos de idade, enquanto não mudarmos esta maneira de olhar para a documentação, vamos sempre ultrapassar os limites. É preciso perceber que o documento é o resultado de um processo de criação».

António Monteiro, outro membro do GID que contribuiu para o estudo, referiu-se à gestão por processos de negócio (BPM) englobada nas suas seis dimensões: a estratégia, a governação, os métodos, as tecnologias, as pessoas e a cultura, para identificar, desenhar, executar, monitorizar, avaliar e otimizar os processos de negócio para atingir resultados consistentes e alinhados com objetivos da organização. Para António Monteiro, o arquivo de preservação digital vai estar sempre presente em qualquer fase de qualquer processo de compra. A integração técnica e semântica é, no entender deste membro do GID, «fundamental para se otimizar o processo de integração dos dados entre os vários sistemas. Atualmente são necessárias várias intervenções de várias áreas e esses vários processos implicam três ou quatro logins em três ou quatro sistemas diferentes quando na prática só estamos envolvidos num único processo».

Estas “burocracias informáticas” podem ter origem no próprio enquadramento organizacional como defende Beatriz Guimarães, do GID, que considera que «a gestão documental parte de uma visão empresarial do que é um projeto. Com a cada vez maior necessidade de gerir grandes quantidades de informação, a falta de gestão documental origina problemas de perda de informação e aumenta a dificuldade de acesso». O contexto português está, de acordo com a apresentação de Beatriz Guimarães, desadequado das necessidades reais do sistema: «Noto que há falta de reconhecimento da importância desta área para os gestores e falta de recursos humanos com formação. É urgente garantir a gestão de todo o ciclo de vida dos documentos e não apenas na fase ativa do documento, ou seja, daquilo de que estamos a precisar neste momento». Para que esta realidade se possa inverter, os gestores das organizações têm de estar mais sensíveis a este assunto: «A gestão documental tem muito a ver com as pessoas que têm que perceber o que vão ganhar com isto. Por vezes esta é a parte mais difícil, o conseguir fazê-las ver que podem cruzar informação e em que medida isso vai facilitar o trabalho no dia-a-dia», conclui Beatriz Guimarães.

Hugo Sousa Nunes, o outro elemento do GID que contribuiu para o estudo, está preocupado com aquilo que está a ser feito atualmente em termos de preservação documental que «pode não ser suficiente. Hoje em dia é fácil produzir e chegar à informação. A Era em que estamos permite-nos chegar em segundos a informação que há uns anos nos levaria dias a obter. Isto só é possível porque a informação existe mas os novos ambientes digitais são propícios a que subsista sempre um risco óbvio: o buraco negro do séc. XX na recolha digital do conhecimento». Selecionar quem tem acesso à informação, pode ser, segundo o ponto de vista manifestado por Hugo Sousa Nunes, o primeiro passo rumo à preservação da informação.

Ainda na parte inicial da conferência ficou a assunção do compromisso, por parte da Agência para a Modernização Administrativa (AMA), de aprofundar o trabalho já iniciado com a DGLAB - Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas no âmbito da iniciativa Europa 2020. Para Paulo Neves, da AMA, só se consegue desmaterialização e interoperabilidade «quando não se pensar apenas nos documentos mas sim nos processos de trabalho».

Francisco Barbedo, da DGLAB, reconhece que a questão da gestão documental, «não sendo um problema eminente, foi sendo adiado mas agora começa a afetar fortemente as organizações». Francisco Barbedo insiste numa alteração dos mecanismos de trabalho diário reconhecendo que esta é uma medida que «carece de persistência».

Luís Vidigal, da Direção da APDSI
, falou sobre o Enterprise Content Management (ECM) que, segundo o modelo AIIM - Association for Information and Image Management, é constituído por estratégias, métodos e ferramentas utilizadas para capturar, gerir, armazenar, preservar e distribuir conteúdos e documentos relacionados com os processos organizacionais. Luís Vidigal diz que ao seguirmos este modelo «passamos a ter poder sobre os fluxos de informação e a capacidade de torná-los mais transparentes».

Já segundo o modelo da Gartner, o ECM é utilizado para criar, armazenar, distribuir, pesquisar, arquivar e gerir o conteúdo não estruturado (como documentos digitalizados, emails, relatórios, imagens médicas e documentos de office) e, finalmente, analisar a utilização para permitir que as organizações forneçam conteúdos relevantes aos utilizadores onde e quando eles precisem. «Estamos sempre conectados e constantemente a criar documentos e devíamos estar a acautelar a preservação de tudo isto. A Internet das coisas são precisamente documentos que passam a ter vida própria. Isto já está a acontecer», refere Luís Vidigal.

No campo dos casos de implementação, Ricardo Riquito, da AIRC, reforçou a mensagem transmitida durante boa parte da conferência da necessidade de mudanças «estruturais e de regulação a fim de se obter maior rigor, eficiência e sustentabilidade».

Fernando Bernabé, da Glintt, partiu do caso concreto de um dos seus clientes para mostrar como é possível «orquestrar o processo de negócio através da reutilização da informação já pedida uma vez ao cliente».

Para Joana Barroso, da Quidgest, resolver a desorganização de arquivos físicos ou digitais, passa pela «implementação de uma gestão documental de sucesso que deve começar pelo diagnóstico e análise de necessidades, análise do contexto da organização através de entrevistas e caracterização da documentação. Temos que perceber quais as rotinas dos circuitos documentais e só depois implementar um novo processo de gestão documental acompanhado da elaboração de um manual de procedimentos».

Nuno Serra, da Unisys, mostrou como a empresa encontrou iniciativas transversais para várias organizações em simultâneo, através da ferramenta “Fabasoft”, «a única no mercado com certificação MoReq», explicou.

João Brito diz que na VILT os utilizadores finais estão envolvidos no desenho da solução. «Se as pessoas fizerem parte da solução, a solução é também um pouco delas», alertou João Brito que também se referiu à segurança dos documentos mesmo quando são transportados para fora da organização.


A última parte da conferência da APDSI foi reservada ao debate, moderado por Ana Neves, no qual cada um dos representantes das empresas respondeu a problemas concretos apresentados previamente por alguns dos membros do público. A conferência e apresentação do estudo decorreram no Auditório da Torre do Tombo, Lisboa, a que a APDSI chama de “casa dos arquivos”.