sexta-feira, 30 de julho de 2010

A cidadania associativa no sector das TIC

A maioria das associações relacionadas com a sociedade doa informação e do conhecimento (APDSI, itSMF, APDC, ANETIE, etc.), possui sócios individuais e institucionais, assumindo-se ao mesmo tempo como associações profissionais e como forças de pressão que emanam do sector empresarial que gira em torno das TIC.
Como profissionais, todos temos a noção que precisamos de integrar redes e tertúlias de conhecimentos, experiências e interesses comuns, para podermos progredir nas nossas competências técnicas e gestionárias.
As organizações, que na maioria dos casos prosseguem interesses comerciais concorrentes, dificilmente conseguem fazer valer a sua capacidade de influência junto dos centros de poder se actuarem sozinhas.
A maioria de nós, enquanto pessoas ou organizações isoladas, não conseguimos individualmente veicular mensagens nem exprimir opiniões livres e baseadas em valores soberanos de cidadania, pois receamos ser surpreendidos por represálias e conotações que nos podem prejudicar no futuro.
Quantos de nós gostaríamos de falar verdade aos nossos clientes e à nossa hierarquia, dizer coisas que vão contra às suas convicções e crenças. Isoladamente e enquanto prestadores de serviços, raramente conseguimos assumir um papel livre e responsável de agentes de mudança.
Quando cumprimos um contrato a nossa independência profissional acaba quase sempre por se conformar estritamente às expectativas do cliente ou da hierarquia, mesmo que estas expectativas sejam limitadas no tempo e no espaço e contrariem todas as melhores práticas recomendadas para a circunstância. Ninguém arrisca contrariar quem nos contrata nem aumentar o âmbito e o risco do projecto para que fomos incumbidos.
Ora é exactamente aqui que entra o papel do associativismo. Nas associações todos os sócios podem manifestar as opiniões que reprimem todos os dias, quando actuam isoladamente.
Já não se trata apenas de desabafar à mesa de um café ou de um bar com amigos ou familiares na descompressão do dia-a-dia, trata-se de uma acção coordenada e de uma junção de forças em torno de um desígnio colectivo, que cada vez deve fazer mais parte da governação do país.
Os governos dos países mais desenvolvidos do ponto de vista democrático e socioeconómico, sabem partilhar a governação com os representantes da sociedade civil e sabem construir com eles o futuro, esperando que cada associação tenha um olhar independente e comprometido acima de tudo com os valores e os princípios que legitimaram a sua constituição.
As associações são as únicas entidades capazes ultrapassar os limites perversos do tempo e do espaço. Por um lado são capazes de ver a vida para além de uma legislatura política e por outro conseguem ultrapassar os territórios isolados de cada pessoa ou organização que as compõem, acabando por se constituírem em referenciais de cidadania e de maturidade para o futuro do país.

1 comentário:

Fernandes Almeida disse...

De acordo. assim tem sido há milhões de anos e assim o Homem tem sobrevivido.