Portugal é inovador nas tecnologias amigas do ambiente. Esta foi a principal conclusão deixada por Elvira Fortunato, investigadora e professora da Faculdade de Ciências e Tecnologia Universidade Nova de Lisboa, na passada quarta-feira, 16 de Fevereiro, na tertúlia informal "à volta de um copo", organizada pela APDSI.
Elvira Fortunato e a sua equipa de cientistas do Centro de Investigação de Materiais (Cenimat) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, foram pioneiros ao inventar transístores com uma camada de papel, tão competitivos como os melhores transístores baseados em óxidos semicondutores. «Estamos a ser bombardeados com propostas, algo que no passado não acontecia. No fundo somos pioneiros, e já registámos a patente, do paper-e (green electronics for the future), ou seja, neste caso é o papel que tem a função dos tablets» explica a professora.
A celulose é o principal biopolímero existente no planeta e a indústria electrónica está a investir cada vez mais no desenvolvimento de dispositivos com biopolímeros, devido ao seu baixo custo. Têm sido feitos alguns estudos a nível internacional sobre a utilização do papel como suporte físico de componentes electrónicos mas é a primeira vez que se utiliza papel como parte integrante de um transístor.
Em termos práticos, o transístor de papel, poderá vir a ser aplicado na área da electrónica descartável, tal como cartões e etiquetas em embalagens inteligentes, ecrãs de papel, chips de identificação e em aplicações médicas. A produção em larga escala será facilitada pelo baixo custo do papel no mercado mundial.
Os transístores e circuitos transparentes abrem, também, uma série de portas no mercado automóvel e a Fiat vai apresentar resultados desta tecnologia em breve: «Os próximos carros irão ter os mostradores ao nível da visão do condutor e ter tudo implantado no vidro da frente», disse Elvira Fortunato, aludindo aos recentes contactos que têm tido por parte de empresas. «Temos contrato com o Instituto de Telecomunicações Coreano, com a Samsung estamos a desenvolver uma nova geração de televisores, com a CUF estamos a trabalhar para os nanomateriais, com a Saint-Gobain, para os vidros do futuro, e com a Revigrés, para as células fotovoltáicas em azulejos» revelou a professora.
Estes transístores não são de silício, o que na prática significa que utilizam óxidos muito baratos (usados, por exemplo, na composição dos cremes cicatrizantes e bronzeadores), processados à temperatura ambiente, não poluentes, ao mesmo tempo que têm um desempenho eléctrico superior ao de silício, como referiu a investigadora premiada: «Uma das grandes revoluções que fizemos foi na área dos displays, dos ecrãs. A patente que temos com a Samsung é a de fazer estes transístores à temperatura ambiente, o que nos permite colocar no reactor uma folha de papel, que não se degrada. Aquilo que fazemos é como uma fotocópia, é imprimir dos dois lados».
Quando questionada sobre a possibilidade de virmos a ter processadores só em papel, Elvira Fortunato respondeu que a intenção desta descoberta não é essa: «Os nossos transístores abrem portas para novas aplicações onde o silício é proibido. Em termos de processadores estes não são vantajosos; neste caso os de silício são muito bons».
A equipa de investigadores descobriu, também, uma forma de guardar a informação em papel (memória de papel), por mais de um ano, para alem de ler e apagar a informação selectivamente.
Promover o debate e a troca de ideias sobre temas da sociedade da informação, num ambiente informal e descontraído, era outro dos objectivos da APDSI que pretende, deste modo, atrair mais jovens para o seio da Associação.
Fotografias e video de Filipe Marcelino
Vídeos visionados para discussão:
Elvira Fortunato
A Revolução do Transístor de Papel (8 minutos)
- Investigadora e professora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa
- Coordena a equipa de investigação do Centro de Investigação de Materiais (Cenimat)
- Distinguiu-se pela descoberta do transistor de papel
- Prémio Seeds of Science (Engenharia e Tecnologia)
- Primeiro prémio na área de engenharia atribuído pela Agência Executiva do Conselho Europeu de Investigação (ERC)
Prometeus (5 minutos)
Michio Kaku City University of New York
on Quantum Computing (2 minutos)
- Nasceu em Palo Alto nos EUA em 1947
- É um físico teórico.
- Formou-se na Universidade de Harvard em 1968,
- Em 1972 doutorou-se na Universidade de Berkeley
- É actualmente professor da City University of New York.
- É autor vários livros de divulgação científica e participou em programas de televisão explicando os conceitos mais "esotéricos" da física moderna.
Kwabena Boahen (Stanford University)
Principal Investigator
Googling the Brain on a Chip (9 minutos)
- BS, Electrical and Computer Engineering, Johns Hopkins University, 1989
- MSE, Electrical and Computer Engineering, Johns Hopkins University, 1989
- PhD, Computation and Neural Systems, California Institute of Technology, 1997
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