No passado dia 14 de maio (terça-feira), a APDSI participou nos Encontros INCoDe.2030, sobre o Eixo: Inclusão, na Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Beja.
Nesta sessão, participaram cerca de 33 pessoas representando 23 organizações de Norte a Sul do País.
A APDSI esteve representada pelo Eng.º Etelberto Costa, coordenador do grupo de missão “Competências, Qualificação e Empregabilidade” da APDSI.
Pretendeu-se um debate sobre processos de inclusão digital.
Este debate implica que se considerem, em primeiro lugar, os determinantes – nomeadamente estruturais – que atuam de forma sistémica no reforço de formas de exclusão, em geral, e da economia digital, em particular. Esta análise é tanto mais relevante quanto mais a tipologia de populações que não têm uma relação, ou têm uma relação frágil, com o digital é diversa. Por outro lado, um conhecimento sobre o que leva as pessoas a não se envolverem com o digital é também fundamental para se desenharem modelos ajustados de intervenção ou, até, para nos confrontarmos com a linha de resistência à mudança, ou seja, aquela para além da qual se torna difícil a mudança. Assim, a escala do desafio para a inclusão digital não é completamente clara, como também ainda não é claro quanto custa a um País ter parte da população excluída do digital.
Conhecer os padrões de exclusão implica que se considerem outras formas de medição que, muitas vezes, se limitam a questões de acesso e de uso. No entanto, o que leva as pessoas a estarem distantes do digital pode estar relacionado com os custos dos dispositivos, com a falta de motivação (que pode ser indicadora de não terem uma perceção informada sobre que benefícios e oportunidades que um maior contacto com o digital poderia trazer), com o facto de, apesar de terem interesse, não terem apoio nem competências para utilizarem, ou com o facto de terem níveis elevados de desconfiança. A mudança daquela perceção pode ser estimulada através de uma maior visibilidade de resultados. Se existe uma real preocupação em se compreenderem quais são os impactos da transformação digital no bem-estar de cidadãos e da sociedade em geral, as ferramentas de medição têm dificuldade em acompanhar a rapidez da transformação digital (OECD, 2019).
Estas preocupações persistem, porque é importante, por um lado, avaliar o valor social, económico, educativo de diferentes iniciativas de inclusão digital através de ferramentas sensíveis a consequências mais inesperadas, por outro lado, porque importa tornarem-se claros os benefícios e os custos de um investimento em competências digitais.
Como pontos essenciais, o Eng.º Etelberto Costa reteve:
- Que o INCoDE.2030 – Eixo 1 – Inclusão está a passar da Fase dos pilotos à de expansão /multiplicação e que é referenciado por dois pressupostos: o da abrangência, i.e., pretende atingir todos os Públicos e o da persistência, pelo que os resultados só serão visíveis se for exercida uma ação planeada, continuada e bem articulada.
- Que as comunidades criativas[1] para a inclusão digital (CCID) abrangeram 1000 pessoas (parceria com Portugal Inovação Social) com prioridade nas pessoas em situação de vulnerabilidade e com mais de 55 anos. E que se tem feito recurso a uma plataforma de autodiagnóstico para mapeamento de população vulnerável.
- Que as CCID funcionam como entidades ativadoras fazendo recurso a mentores e são validadas por seguidores.
- Que a APDSI é assumida como stakeholder neste Eixo 1.
No respeitante ao foco deste Encontro – impacto e medição – duas evidências a salientar:
- Que os dispositivos de avaliação e recolha de dados e resultados devem sempre incluir critérios e indicadores de ordem social, qualitativos e que é preciso um esforço grande para que aconteça a partilha de dados que muitas organizações detêm e que não são tratados nem trabalhados. Por forma a identificar fatores que mudam comportamentos e atitudes;
- Que os dispositivos de avaliação e recolha de dados e resultados devem inspirar-se em modelos anteriores de programas similares (e.g.: novas oportunidades);
- Que a comunicação deve ser um parâmetro estruturante;
- Que os stakeholders devem continuar a ser envolvidos e que as iniciativas e ações devem tê-los como parceiros.
Elaborado por Eng.º Etelberto Costa, coordenador do Grupo de missão “Competências Digitais, Qualificação e Empregabilidade” da APDSI.