Realizou-se no passado dia 22 de novembro do corrente ano, no Pavilhão do Conhecimento - Centro de Ciência Viva, a Conferência "Inteligência Artificial e a Arte", organizada pela Associação para a Promoção e o Desenvolvimento da Sociedade de Informação (APDSI) com o apoio da Ciência Viva na Semana da Ciência e Tecnologia.
No final dos trabalhos, o Prof. Doutor Nuno Gonçalves, coordenador do Grupo de Missão "Inteligência Artificial" da APDSI, dirigiu aos presentes algumas palavras, em que procurou resumir o conteúdo de tudo o que foi sucedendo ao longo do dia, salientando, divertidamente, que o dia, tendo sido intenso, tinha estado cheio de arte e inteligência, tanto natural como artificial.
Sublinhou o orador que, como sempre sucede quando se abordam temas próximos das fronteiras do conhecimento – no caso presente, a fronteira entre a criação e a arte, entre o conhecimento e a inteligência (que ao primeiro dá origem) e entre o natural e o artificial, este continuação daquele –, seria acertado ajuizar que foram mais as perguntas formuladas que as respostas efectivamente dadas.
Inevitavelmente, o vivo debate que se estabeleceu ao longo da sessão permitiu identificar perspectivas distintas, tanto complementares entre si, como até opostas, o que, no plano da discussão científica, é sempre salutar.
Observou também o Prof. Nuno Gonçalves que a Inteligência Artificial (IA) está paulatinamente a instalar-se na Arte, como em muitas outras áreas da existência humana, do nosso quotidiano. Assim como a mitologias grega explica que a dádiva do fogo aos seres humanos os tornou superiores aos restantes animais, aproximando-os das capacidades dos deuses, com o preço que Prometeu teve de pagar pela sua ousadia, cabe agora à Humanidade oferecer-se a si mesma a Inteligência Artificial, com o risco de se sujeitar a castigos não menos severos num futuro ainda desconhecido.
A Arte criará toda a variedade de cenários por ora insuspeitados, já que a imaginação humana tem dado provas das suas capacidades, ao longo dos séculos. No entanto, tal como a criatura construída pelo Dr. Victor Frankenstein e por este animada acabou por ter um comportamento inicialmente imprevisto, também o receio de que os produtos da Inteligência Artificial possam ultrapassar os seres humanos pende sobre nós, temendo-se que o castigo que possamos vir a enfrentar poderá ser pesado.
Mas tais medos têm estado presentes ao longo da história das sociedades humanas e cada desenvolvimento científico ou tecnológico foi sempre acompanhado por preocupações quanto aos efeitos imprevisíveis que pudesse vir a ter na vida das pessoas. A evolução é inevitável e a Inteligência Artificial constituirá indubitavelmente uma ferramenta de excepcional importância no futuro das sociedades humanas.
Em consequência destas considerações, realçou o Prof. Nuno Gonçalves, há que acompanhar todo o desenvolvimento de uma regulamentação inteligente, que possa permitir avançar com segurança, sem impor travões ao desenvolvimento da sociedade.
No que respeita, em particular, ao domínio da Arte, há que garantir que os artistas são defendidos nas suas capacidades de criação e inovação, mesmo quando decidam utilizar, para os seus propósitos, as ferramentas que a Inteligência Artificial coloca ao seu dispor.
Por fim, salientou o Prof. Nuno Gonçalves que o Grupo de Missão de Inteligência Artificial da APDSI, que coordena, envolve um alargado número de colaboradores das mais variadas áreas de conhecimento e especialização, que procura reflectir sobre os temas a que se acaba de aludir, beneficiando das diferentes experiências de quantos o integram e que abrem sempre os braços a novos interessados.
- Conclusões e gravação do evento disponíveis AQUI.
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