sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

ChildDiary em Portugal: «Os profissionais de educação dizem que lhes poupamos em média uma hora por dia em papelada»


Foi há cerca de três anos que um casal de portugueses, por mais surpreendente que pareça, se cansou do sol português e decidiu ir para a Irlanda. Lá, a chuva acabou por os inspirar a criarem a ChildDiary - uma plataforma de comunicação entre pais e educadores de infância que também se constitui como uma ferramenta para os profissionais da educação poderem, de forma mais rápida e eficaz, documentar o progresso individual de cada criança.

Depois de se ter tornado um sucesso na Irlanda e começar a conquistar os Estados Unidos, a ChildDiary quer, em 2017, chegar a Portugal em força, apesar de já trabalharem com a Creche e Aparece, no Parque das Nações, em Lisboa.

Na ChildDiary os educadores de infância podem fazer o registo de rotinas diárias que, normalmente, são feitas em papel, além de terem na ferramenta um meio de comunicação mais dinâmico para interagirem com os pais, seja através do envio de fotografias, vídeos ou quaisquer outras informações.

O lado feminino da ChildDiary é assegurado pela educadora de infância Vanessa Biléu que começou o ano novo a fazer uma visita a Portugal e aceitou explicar melhor à APDSI como funciona esta espécie de creche dos tempos modernos.




APDSI - Vanessa, temos falado sempre em projeto e em plataforma. A ChildDiary é uma plataforma online ou existe através de aplicação mobile?
Vanessa Biléu - A plataforma é online. Cada utilizador tem uma password e pode aceder ao site da ChildDiary a partir de smartphones, tablets, computadores, etc.

APDSI - Qual foi o problema ou a lacuna que encontraram no sistema educativo que vos levou a criar a ChildDiary?
VB - Foi um pouco da nossa história: eu sou educadora de infância e quando viemos morar para Galway, uma pequena cidade muito chuvosa na costa Oeste da Irlanda, senti que a comunicação entre pais e educadores era muito pobre. Eu e o João, o meu marido, íamos ao final do dia dar passeios pelos jardins da faculdade de Galway e eu ia reclamando disso. Como era possível os pequeninos começarem, por exemplo, a comer pelas próprias mãos e eu, ao final do dia, ter que estar a falar com os pais sobre cocós e sestas ou, tantas vezes, nem ter tempo para falar com os eles individualmente? O João, que é engenheiro informático, pensou que poderíamos criar uma solução para isto. E foi assim que, durante um ano, nos dedicámos a desenvolver a ChildDiary que começou por ser uma plataforma de comunicação para partilha de fotografias e informações. Como fui continuando a trabalhar em creches e jardins-de-infância, mais tarde em Dublin, fui sentindo o "peso" da papelada que nos era diariamente exigida pelos inspetores e assim adicionámos à ChildDiary a componente do registo das rotinas diárias e das avaliações ligadas ao currículo. Hoje em dia a ChildDiary e um portfolio digital que facilita a vida das educadoras e auxiliares de educação e permite aos pais fazerem parte da educação dos filhos de uma forma mais ativa.

APDSI - Quais os feedbacks que já tiveram por parte de quem já a adotou?
VB - Já temos clientes na Irlanda desde 2015 e desde há três meses em Portugal também! O feedback tem sido muito positivo. Os profissionais de educação dizem que lhes poupamos em média uma hora por dia em papelada, já nos disseram que fomos a melhor coisa que aconteceu na educação de infância! Os pais estão maravilhados, sentem mais confiança nos profissionais com quem deixam os seus pequenos e partilham a ChildDiary com familiares que vivem longe. Sabemos de avós que vivem na Polónia e pais que trabalham em Manchester que acedem diariamente ao site para ver e partilhar fotografias das suas crianças. Isto deixa-nos mesmo muito felizes! Os inspetores aqui na Irlanda também gostam da ChildDiary e dizem que somos uma inovação bem-vinda.

APDSI - Têm planos a médio prazo para a plataforma? Por onde gostavam de a ver crescer?
VB - Temos muitos planos... o que não nos faltam, na verdade, são ideias para a plataforma! Estamos sempre a melhorar a ChildDiary e sabemos que daqui a um ano a plataforma oferecerá ainda mais do que aquilo que oferece hoje. Acima de tudo queremos ouvir os pais e educadores, perceber quais as suas necessidades e atuar de acordo com elas. De momento, estamos concentrados nos mercados Irlandês e Português, não nos fazia sentido desenvolvermos uma plataforma de educação e não a explorarmos no nosso país. Depois, queremos ver a ChildDiary crescer pelo mundo fora. Não há limites!

De recordar que, em julho de 2014, a APDSI já se debruçava sobre os perigos e as oportunidades que as redes sociais oferecem em contexto escolar, nomeadamente no diálogo entre professores e alunos e entre professores e encarregados de educação. Recorde aqui o Pequeno-Almoço "Educação 2.0".

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