Na edição de 29 de junho de IT’S TIME TO TALK ABOUT, a itSMF apresentou a ISO/IEC TR 38502:2014 que pretende estabelecer e clarificar as diferenças entre Governação e Gestão das TI.
A ISO/IEC TR 38502:2014, que será brevemente publicada em português, fornece um modelo que ilustra a relação entre governação e gestão, e identifica as responsabilidades associadas a cada uma. A norma vem na sequência da NP ISO/IEC 38500:2015 que, apesar de fornecer orientações para o órgão de governo das organizações avaliar, direcionar e monitorizar a utilização das TI nas suas organizações, torna-se pouco clara em relação aos papéis de governação e de gestão.
Para minorar estas dificuldades no desenvolvimento de orientações consistentes sobre governação e a implementação eficaz de práticas de governação, a ISO/IEC TR 38502:2014 fornece orientações para os órgãos de governo, para os gestores, para consultores ou os que prestam assistência à governação das organizações, bem como para os demais profissionais envolvidos no desenvolvimento de normas nas áreas de governação e gestão das TI.
O sucesso dos investimentos nas tecnologias de informação depende do valor que consigam gerar seguindo um conjunto de regras que devem ser cumpridas para o atingir. Se houver falta de ética na organização, esse valor não é real e acabará por a afetar, diz o consultor José António Costa, um dos oradores do encontro.
O modelo desta norma faz o enquadramento da componente da governação (Governo das Nações) e da forma como deve encaixar na componente de gestão. «Na maioria das vezes há confusão entre os dois termos. Esta norma surgiu precisamente para se esclarecer a diferença entre ambos. A governação das tecnologias de informação é um subconjunto da corporate governance», esclareceu José António Costa.
A governação não lida com o trabalho “no terreno”. É, isso sim, a entidade que dá as orientações para a gestão seguir. O grau de dependência das empresas das TI é, hoje, tal forma elevado, que não se pode descurar o quanto esses requisitos têm de estar alinhados com a governação corporativa. As políticas que definem os princípios para a boa governação das TI são definidas pela governação e comunicadas à área da gestão.
Ainda que os papéis fiquem melhor definidos com a aplicação da norma ISO/IEC TR 38502:2014, Nádia Lopes, da EVERIS, admite que, neste momento, o grau de alinhamento entre ambas é diminuto apesar de se terem registado melhorias ao longo do tempo. Um bom exemplo citado nesta matéria foi o das organizações que já têm uma Information Technology Infrastructure Library (ITIL), que funciona de acordo com os objetivos do negócio.
Do lado da academia, Luísa Domingues, do ISCTE, afirma que gostaria que houvesse um maior envolvimento das universidades com a comunidade prática. «Na academia os problemas não são vividos da mesma forma com que vocês os encaram. Há um certo distanciamento da realidade, o que pode ser bom mas também é mau», reconheceu. O distanciamento das universidades da comunidade prática não ajuda na exemplificação de casos práticos o que é necessário para, segundo a professora, «percebermos as vossas prioridades senão corremos o risco de criar modelos estratégicos que depois não se conseguem aplicar».
O debate contou com a moderação de Luís Azevedo, da itSMF. O IT’S TIME TO TALK ABOUT de 29 de junho decorreu na Fundação Cidade de Lisboa.