domingo, 14 de fevereiro de 2010

Ideias e propostas rumo à próxima década

Estamos em época de Carnaval. Ninguém leva a mal. No entanto, julgo ser a data mais propícia do ano para centrarmos a nossa atenção no essencial e deixarmos o acessório.

Três razões principais. A primeira é a de já ninguém quer ouvir falar de crise. O fim da crise já foi anunciado por muitos. A nós cabe-nos dar forma e conteúdo para que seja efectivamente assim. A segunda razão prende-se com o início do ano. É verdade. O Janeiro já passou e parece que ainda não descolámos de alguma apatia reinante. A terceira razão diz respeito aos programas de estímulo económico e de inovação existentes. Talvez estejam a passar ao lado de muitos de nós.

Três ideias que a APDSI pode ajudar a desenvolver com sucesso:

1. Tendo o Governo assinado, no passado dia 6 de Fevereiro, em Vila Viçosa, a adjudicação dos contratos das Redes de Nova Geração (RNG) para as zonas Norte, Centro/Alentejo e Algarve, com o objectivo de promover a coesão social e territorial e da igualdade de oportunidades no acesso a serviços de alta qualidade que devem estar ao alcance de todos os portugueses, independentemente da região do País onde vivam ou trabalhem, será que não podemos desenvolver um estudo especial, dedicado a esta nova geração de infra-estruturas que terá de suportar a nova Economia e as novas necessidades, quer sociais, quer a nível da educação e desenvolvimento para a Sociedade da Informação e do Conhecimento?

2. Estando o Conselho Europeu a querer debater o futuro da Estratégia de Lisboa, participando na discussão o nosso associado Prof. Carlos Zorrinho, actual Secretário de Estado da Energia e da Inovação, ao que se sabe, a reflexão vai ser baseada em dois documentos “Estratégia para um crescimento e emprego sustentáveis” e ”Sete Medidas para concretizar a estratégia europeia para o crescimento e o emprego”, talvez exista a capacidade de discutirmos, no seio da APDSI, algumas propostas para os anos que se seguem, com conteúdo, numa estratégia renovada para o crescimento que precisamos e como devem as empresas e organizações preparar a próxima década?

3. Tendo a Comissão Europeia lançado recentemente um convite à apresentação de candidaturas para a constituição de um Painel de Peritos sobre Inovação nos Serviços, sendo propósito analisar os actuais desafios da política de inovação aos vários níveis (União Europeia, nacional e regional), identificando os meios (políticas e/ou instrumentos, incluindo financeiros) a utilizar, conhecemos em Portugal quem (Administração Pública, Empresas, Universidades, Institutos de Investigação e Consultoras) tenha um entendimento profundo das políticas de inovação, em particular, o domínio de serviços inovadores?

Esta última ideia, poderá ser discutida pelo Grupo de Trabalho “Ciências dos Serviços, Gestão e Engenharia” que o Luís Vidigal lidera.

3 comentários:

Francisco Velez Roxo disse...

Caro Fernando Rodrigues:
Recomendo vivamente a leitura da Revista Exame nº 129 de Abril de 1999sobre "os ultimos 10 anos e os próximos 10 anos da Economia Portuguesa"...!!!
É curioso como, naquela época de entrada no Euro, o problema da produtividade era, a nível empresarial o fundamental da Economia Portuguesa.E já havia estudos aos Kilos sobre o que havia a fazer.E não foi feito.
E na nível da intervenção dos politicos e dos economistas havia consenso que o problema só se resolvia com, fundamentalmente, mais e melhores empresas e mais Sociedade Civil.O contrário do que temos.
Passou a Estratégia de Lisboa ().
Veio uma crise a sério, a da bolha financeira subprime( depois da crise energética e das matérias primas de que muita gente não se lembra já...)e agora já não há tempo para muitos estudos.Só para mãos à obra.Sem grandes aventuras.
No quadro de uma Europa mais ou menos à deriva sobre o seu futuro político e até sobre o futuro do Euro ( nem quero pensar no que pode acontecer se não houver mais rigor nas finanças públicas da Europa...)a nossa discussão tem de se centrar na competitividade da economia transacionável e "arregaçarmos todos as mangas para voltar a transpirar mais".E arrumarmos o Estado, as autarquias e, sobretudo as empresas que resistirem.
A SICSS é um dado.Sobretudo a SIC.
Programas de estímulo económico e de inovação existentes sempre houve e vão continuar a existir.É normal.Mas a realidade das empresas que nasceram de outros estimulos é pobre.E muitos dos recursos financeiros consumidos foram consumidos sabe-se lá como que não para melhorar a produtividade.
Caro Fernando Rodrigues: estamos em crise há vários anos.O que se espelha numa Sociedade melhor mas pouco sustentada socioeconómicamente.
O que está em causa,neste momento, com clareza, é ter cenários para aguentar e arrumar a casa para daqui por dois anos estarmos diferentes e com gente nova a deixar os empregos e a atirar-se ao trabalho.
O que é preciso monitorar é como é que a SIC está a melhorar a produtividade da nossa Economia (e a da Europa):nos sectores primário, secundário e terciário.E no terceiro Sector-o solidário.
Donde,permita-me dizer-lhe:esta época de carnaval até nem parece carnaval comparado com o que tem estado a acontecer nos ultimos meses.Por cá e lá fora.No fundamental e no acessório.
A prioridade da APDSI felizmente que se mantem inalterável e, serenamente, vai concerteza continuar a intervir como elemento activo da Sociedade Civil para que a SIC seja mais SICSS.
Um abraço
FVRoxo

Fernando Rodrigues disse...

Caro Francisco Velez Roxo:

Muito obrigado por comentar a ousadia das minhas ideias e propostas.

Sou assinante da Revista Exame há mais de 15 anos. Fui reler o artigo que sugeriu. Tem toda a razão. Estão lá as receitas e propostas para emagrecer a gordura do Estado.

Convém não esquecer que na época, o Governo de António Guterres permitia que os portugueses "sambassem" com o ar daquele tempo.

Disse depois em 2001, após perder as autárquicas, que se ia embora para evitar o pântano...

Tendo muito orgulho em ser português. Recordo em tempos de monarquia o célebre desabafo do penúltimo Rei de Portugal, D. Carlos I, em relação ao país que dirigia. "Esta Choldra é ingovernável"...?

Veio a República e passados 16 anos entrámos em ditadura...

Sendo o Francisco um homem atento e interventivo (continue por favor) ao que aqui se escreve, decerto lembrará do meu recente contributo "A Inovação e a Inteligência - seremos capazes?"

Repito a frase de Gandhi que acho extraordinária. Cada vez mais.

"O planeta pode suprir as necessidades de todos, mas não pode satisfazer a cupidez de alguns". Gandhi disse-o em tempos (muito) conturbados.

Gosto de ser bastante crítico começando por mim próprio. Com inúmeros dissabores ao longo dos anos mas sempre de consciência tranquila, trabalhar e dar o melhor de nós mesmos, para mim, deve ser um bem praticado todos os dias. No entanto. Há quem confunda capacidade de trabalho, competência, empenho. Alguns rotulam esse indígena perante os demais: "Tem a mania que é bom".

Sem querer fazer poesia, nem de todo história, há o outro, também Fernando, cuja Pessoa utilizou o heterónimo pessoano do poeta que mais publicou, Álvaro de Campos.

"Não sou nada. Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."

Estou disponível para o futuro.

Francisco Velez Roxo disse...

Caro Fernando
O futuro é a nossa única esperança.
Vamos a ele.
O passado serve para dizer: Naquele tempo..." ou "conta-me como foi".
O futuro para dizer:Vou ali e já volto enriquecido de Saber e bons negócios.
E que a APDSI possa ser o "think Tank" de que tanto precisamos nesta fase do pós euforia.
Um abraço
FVroxo
Um abraço
FVRoxo