quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

APDSI avalia impacto das TIC no setor da Saúde


As oportunidades criadas e os desafios que o futuro apresenta em virtude da aplicação das novas tecnologias à área da Saúde foram ontem alvo de discussão na conferência realizada, pelo terceiro ano, pela APDSI - Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade da Informação.

"As TIC e a Saúde no Portugal de 2012" decorreu poucos dias após a Comissão Europeia ter aprovado o Plano de Ação eHealth 2012-2020 (a 7 de dezembro).

Henrique Martins, Assessor do Secretário de Estado da Saúde, começou por salientar que os tempos de dificuldades económicas que atravessamos estão a provocar um crescente interesse do Governo pelas tecnologias da saúde. "A evolução tecnológica é normalmente o que pressiona a legislação, a própria política não sabe da tecnologia; esta é trazida pelo setor académico e privado à mesa da discussão da necessidade", começou por clarificar.
Tendo o setor académico, civil e privado o dever de apresentar as novidades tecnológicas para se avaliar a sua melhor utilização, precisam, contudo, de regulação para chegarem a bom porto e trabalharem em conjunto. 2011 foi um ano de mudança política e, portanto, de alteração nos setores de TIC (Tecnologias para a Informação e Comunicação) com presença no Sistema Nacional de Saúde "com a priorização dos serviços partilhados (compra centralizada, plano estratégico de saúde e a criação do GPTIC - Grupo de Projeto para as Tecnologias de Informação e Comunicação)". Com esta evolução, “tem havido uma tensão natural entre programas para o cidadão e para os profissionais de saúde; tem havido uma espécie de competição entre estes dois”, afirmou Henrique Martins.

No alinhamento europeu, Portugal tem tido um desempenho considerável, desde iniciativas privadas que se estendem pela União Europeia, até áreas públicas e académicas. "Somos vistos como um país homogéneo, como um país com boas tecnologias para a saúde", concluiu o Assessor do Secretário de Estado da Saúde.

Quanto ao futuro, passa, de acordo com este orador, pela poupança em custos e em investimento nas TIC, também pela aposta, no caso português, no turismo de saúde e pela normalização de todos os sistemas já implementados.

Rui Vilar, embaixador do Global eHealth Ambassadors' Program, salientou a importância das TIC na melhoria da prestação dos cuidados de saúde, nomeadamente nas campanhas de natureza preventiva e na construção de bases de dados. "As diferentes TIC funcionam como auxiliar de leitura de diagnósticos e contribuem para a atualização científica e técnica dos agentes da saúde", afirmou.

Rui Vilar apresentou as evoluções na área da eHealth e os seus diferentes protagonistas (embaixadores) ao longo dos anos, estabelecendo como objetivo futuro do projeto a angariação de mais mulheres para o seu seio. O embaixador do Global eHealth Ambassadors' Program alerta para a preocupação que deve existir com o ambiente das práticas dentro das quais as TIC podem cooperar para melhorar os resultados. Este ambiente varia consoante a região e o país, por isso, os modelos organizacionais são diferentes e têm que ser adaptados ao respetivo ambiente. "O uso do telemóvel estará na linha da frente, juntamente com a Internet. O potencial da eHealth pode permitir o desenvolvimento noutros domínios educativos como a educação ou o comércio. Os pobres precisam, não só de mais saúde, mas de uma vida melhor", preconiza Rui Vilar.

Gonçalo Oliveira, Diretor de Consultoria Empresarial da Portugal Telecom, apresentou diversas estatísticas que apontam para crescimentos significativos na área dos smartphones e tablets o que, complementado pela voz, faz com que passemos a ter mais do que um simples cartão de telefone. "Já ninguém tem um telemóvel só para fazer chamadas. Estamos a aproximar-nos de uma utilização massiva, se o combinarmos com tecnologias cloud, que têm que proteger os dados dos utilizadores deste tipo de solução", observou Gonçalo Oliveira.
Com base em estatísticas apresentadas na conferência, concluiu-se que há vários dispositivos móveis que vão passar a fazer parte da saúde como componentes fundamentais de todo o processo. "Os dispositivos móveis e biossensores estão a alterar a forma como gerimos a nossa saúde e os utentes já interiorizaram que a tecnologia está nas suas mãos", referiu.

Henrique Martins voltou a falar sobre as seis grandes áreas de intervenção plasmadas na "Agenda Digital 2015 Europa e Portugal": investigação e desenvolvimento, iliteracia, qualificação e inclusão digital, acesso à banda larga e mercado digital, combate à fraude e evasão fiscais contributivas e prestacionais, resposta aos desafios societais, empreendedorismo e internacionalização do setor das TIC.

A Comissão Interministerial para a Agenda Portugal Digital elabora anualmente um relatório de progresso conseguido. Até 2015 pretende-se que seja feita uma consolidação da infraestrutura de suporte ao Sistema de Informação da Saúde, que seja implementada a plataforma de dados de saúde e que haja um aprofundar da prescrição e requisição eletrónica desmaterializada permitindo um maior desenvolvimento dos serviços de proximidade digital.

Coordenada por Helena Monteiro, docente universitária e investigadora no Centro de Administração e Políticas Públicas, a conferência teve por objetivo tornar públicas as atividades que estão a ser aceleradas depois da adoção das TIC nas questões relacionadas com a Saúde, dando a conhecer a situação de Portugal no atual quadro político e económico.
A iniciativa foi desenvolvida em articulação com entidades do Ministério da Saúde, entidades prestadoras de cuidados de saúde públicas e privadas, com instituições universitárias e com fornecedores de soluções e tecnologias.

A conferência realizou-se no Auditório do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa.

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