Por um novo modelo de Reforma do Estado em tempo de crise!
Portugal
está a viver uma crise financeira, económica e política particularmente
grave e consequentemente o Estado está a ser o alvo de medidas de
racionalidade duvidosa, com impacto na vida de toda a sociedade.
É
urgente definir prioridades e mobilizar toda a sociedade civil, os
trabalhadores da administração pública e toda a classe política para o
que deve ser feito no que se refere a uma efetiva reforma do Estado.
A ESTRATÉGIA ATUAL DE REFORMA:
O Governo atual entendeu a reforma como uma forma de reduzir a despesa
pública no mais curto espaço de tempo possível, através do despedimento
de trabalhadores e cortes abruptos nos salários e pensões. Mas será que
este modelo de reforma será alguma vez possível?
Julgamos que não e,
mais do que inconsequente, esta estratégia estritamente financeira
corre o risco de destruir, não apenas o aparelho do Estado, mas também a
economia e a coesão social do país.
Existem vários focos de
intervenção reformadora: O emprego e a duração do trabalho, os salários e
os benefícios sociais, as estruturas e o funcionamento.
O XIX
Governo reduziu salários e benefícios sociais e propõe-se acelerar os
despedimentos na função pública, com efeitos irreversíveis na quebra do
consumo e na economia. Mas mais do que os impactos no curto prazo na
economia, esta estratégia inviabiliza qualquer estratégia
verdadeiramente transformadora em relação ao funcionamento e ao
alinhamento das estruturas para novos desafios orientados ao crescimento
e ao desenvolvimento do país.
Esta estratégia de agressão e
desrespeito aos funcionários e trabalhadores em funções públicas cria um
ambiente de medo generalizado e de desmobilização em relação ao futuro,
paralisando estruturas e processos de transformação e cria na sociedade
um sentimento de desconfiança e insegurança em relação a tudo o que se
refere ao Estado.
Um país é definido por uma população, por um
território e por uma soberania. A população está cada vez mais dividida
(novos contra velhos, privados contra públicos, etc.) e a soberania está
cada vez mais desgastada, não só pela intervenção externa mas sobretudo
pelo descrédito e a desvalorização a que o Estado está a ser sujeito
por parte da classe política e consequentemente pela maioria da
sociedade portuguesa.
Com efeito, os serviços públicos estão em
risco e consequentemente a situação do país vai-se agravar se este ou
qualquer outro Governo continuar a insistir na atual estratégia de
despedimentos e desqualificação do Estado.
Um Estado destruído,
desmotivado e ineficiente torna-se motivo de atração para vigaristas e
criminosos, pois um país onde o Estado não funciona e onde a soberania
está desgastada, torna-se um paraíso para todo o tipo de fugas à lei.
Se houver ruptura de serviços públicos porque despedimos pessoas antes
de mudarmos os processos, o desespero irá conduzir-nos à inevitabilidade
de custos acrescidos para remediar situações de crise e ruptura
iminente.
QUAL A ALTERNATIVA PARA O FUTURO PRÓXIMO?
Temos que
nos concentrar TODOS no funcionamento e no aumento da produtividade do
Estado. Temos que fazer um grande esforço de mobilização coletiva para
acabar definitivamente com as verdadeiras “gorduras”, irracionalidades e
arbitrariedades no funcionamento do Estado. Temos que nos mobilizar
TODOS de forma cooperativa e empenhada para construir um o Estado mais
moderno, eficiente e amigo dos cidadãos e dos agentes económicos.
Temos de tirar o máximo partido das tecnologias de informação e
comunicação de que dispomos e fazer delas o centro do modelo de
desenvolvimento do país.
Temos de acabar com as redundâncias, a
desintegração, as incoerências, as incompatibilidades, os conflitos de
poder e os desperdícios que são a verdadeira causa do aumento da despesa
pública. Em vez disso temos que apostar com determinação na
interoperabilidade, na partilha, na reutilização, na transparência, na
rapidez e no rigor.
Temos que tirar partido das excelentes
infraestruturas tecnológicas de que Portugal já dispõe, nomeadamente as
plataformas de interoperabilidade, a federação de identidades através do
Cartão do Cidadão, a partilha de repositórios sobre pessoas, empresas,
território, veículos, entre outros, acabando com certidões e
comprovantes inúteis e substituindo-as por troca automática de web
services entre os vários sistemas do Estado.
Temos de nos focar no
encadeamento, na aceleração e na sincronização dos processos orientados
aos vários públicos e aos seus eventos de vida, criando uma verdadeira
administração pública “em tempo real”.
Temos de nos ver livres de
dirigentes e políticos que se recusem a cooperar, a partilhar e a
integrar cadeias de valor para a melhoria do funcionamento do Estado e
que por isso impedem o desenvolvimento do país. É urgente
concentrarmo-nos naquilo que é essencial e básico e descartarmo-nos de
tudo e todos que bloqueiem esta transformação.
“Em tempo de crise é um crime não cooperar”!
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