A Saúde em Portugal vive um momento que nos permite ver onde estamos, para onde vamos e se vamos no bom caminho ou se terá que ser alterado, tendo em conta o quanto as TIC são importantes na transformação e evolução da dinâmica da Saúde. A ideia foi deixada pelo Secretário de Estado da Saúde, Manuel Ferreira Teixeira, na 5ª edição da conferência anual realizada pela APDSI - Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade da Informação sobre “As TIC e a Saúde”.
«A qualidade da Saúde e a relação do utente com as entidades responsáveis fazem com que as TIC tenham um papel cada vez mais relevante. As TIC estão entre os principais fatores do sistema de saúde, muitas vezes na desmaterialização para suportes mais subtis. A evolução é isto», afirmou o representante do Governo.
Manuel Ferreira Teixeira ressalva que a estratégia do Executivo tem sido focada na integração de dados, ou seja, independentemente da localização do utente, a informação deve estar disponível e não duplicada, e no desmaterializar do processo de prescrição e dispensa de medicamentos: «Para aplicar esta estratégia estão a ser feitas importantes renovações nas diferentes redes que intervêm no Sistema Nacional de Saúde».
Na conferência, o projeto “Plataforma Gulbenkian para um Sistema de Saúde Sustentável - Health in Portugal: a Challenge For The Future” foi apresentado pelo professor João Soares, da Fundação Calouste Gulbenkian, sobre como será a saúde no Portugal de 2050. O projeto arrancou em 2008, quando foi construída a plataforma. «Isto não nasceu por causa da crise ou dos cortes. Nasceu por um conjunto de observações sobre aquilo que está a mudar na Saúde», começou por explicar o responsável da Fundação.
O padrão demográfico, o das doenças e o da saúde em geral, foram analisados e perspetivados até 2050. Hoje em dia assistimos a um aumento do número de idosos o que, segundo o professor João Soares, vai ser um problema para a saúde porque «estamos a ficar mais velhos, mais doentes e, por isso, ficaremos mais caros, o que nos leva a pensar que o modelo a seguir tem de ser diferente» e também porque o padrão das doenças se vai alterando.
Henrique Martins, Presidente do Conselho de Administração dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, focou a sua apresentação nos esforços feitos pela SPMS em 2013 e 2014, começando por dizer que esta «ainda não é uma organização virada para o serviço porque é bastante complexo definir a todo o instante quem é o nosso cliente».
Num balanço a estes quatro anos de atividade da SPMS, o Presidente do Conselho de Administração sublinhou que presentemente já há mais de 175 mil prescrições diárias online. «A Prescrição Eletrónica Médica (PEM) está a atingir valores considerados mais interessantes aos olhos das TIC na Saúde. Nunca a prescrição de cuidados respiratórios foi tão cuidadosa como agora. Isto está a mudar a forma como trabalhamos», garantiu Henrique Martins, que ainda acrescentou dados para a Plataforma de Dados de Saúde (PDS), que já atinge os 5000 visitantes por dia, tendo registado mais de 176 mil só em janeiro deste ano, o que corresponde a 9% de pessoas registadas.
Ainda durante a manhã foi apresentado por Carlos Sousa, do Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, a fase de maturidade a que o processo clínico eletrónico já chegou naquela instituição de saúde que se prepara agora para "fechar o ciclo".
A conferência da APDSI contou, ainda, com a exposição dos casos de sucesso das cinco Associações Regionais de Saúde do país, bem como os produtos e soluções que o mercado das tecnologias já oferece e está a estudar
De referir que esta foi a última conferência da Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade da Informação que contou com a intervenção do professor José Dias Coelho, na qualidade de presidente da Direção. «Se as Associações não se renovarem correm o risco de não evoluírem», justificou.
A conferência realizou-se na quinta-feira, dia 20 de fevereiro, no Auditório do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa, sob a coordenação da Prof. Dra. Maria Helena Monteiro.