quarta-feira, 29 de junho de 2016

Debate sobre o Futuro: O Aprofundamento da Era Digital - APDSI traça um cenário para 2030


A APDSI realizou, a 27 de junho, na Fundação Portuguesa das Comunicações, em Lisboa, um debate sobre o futuro, intitulado “O Aprofundamento da Era Digital - Um Cenário para 2030”, sob coordenação de Francisco Matos Tomé e José Gomes Almeida, da direção da APDSI.

O debate teve por base um documento, elaborado pelo Grupo Futuros da Sociedade da Informação (GFSI), constituído em 2013 no seio da APDSI, e que pretende alargar a discussão sobre os impactos, nas diferentes vertentes da sociedade, que as tecnologias poderão vir a ter num futuro relativamente próximo (2030). Nestas projeções sobre o futuro estão refletidas as opiniões, conhecimentos e experiências dos membros do Grupo, sempre conscientes que mesmo no que se previa há uns anos a esta parte «certos projetos avançaram muito, noutros estamos aquém do que tinha sido projetado», referiu Francisco Tomé. «O futuro que, no documento, apresentamos como desejado, teve por base a visão do que o Grupo gostaria que fosse o futuro. Não assenta em previsões, nem tão pouco é tratado como uma ciência. É uma visão daquilo que, para nós, previsivelmente, será o futuro, nem bom nem mau», concluiu.

A escolha de 2030 enquanto universo temporal limite, teve por base a Resolução da Assembleia-Geral da ONU “Transformando o nosso mundo: a Agenda 2030 para um Desenvolvimento Sustentável”.

As mudanças na tecnologia provocam, na maioria dos cenários, uma disrupção para com o passado e um aprofundamento da Era digital. Para José Gomes Almeida, do GFSI, uma das disrupções mais significativas irá acontecer nos modelos de negócio que funcionaram no séc. XX. «Até 2030 a Internet vai crescer, tornar-se mais lata e isso vai levar à criação de “novas nações” - gente com interesses únicos. As sociedades vão funcionar de forma diferente e a educação também vai sofrer muitas alterações», descreveu José Gomes Almeida, do GFSI da APDSI. Embora parecendo um contrassenso, o Grupo acredita que vai aumentar a infoexclusão mas, por outro lado, vai verificar-se um aumento da participação da mulher em setores TIC.

O crescimento da IOT - Internet of Things vai resultar, ainda à luz do documento do GFSI, em melhoramentos no setor agrícola. A fronteira entre o mundo físico e o digital vai estar cada vez mais esbatida e os drones farão parte da nossa vida quotidiana, com todas as questões de segurança a alimentarem debates nos próximos anos. A automatização de muitos processos será, para o GFSI, incontornável, enquanto assistiremos, previsivelmente, a um mundo empresarial mais preocupado com o ambiente. Todavia, qualquer um dos cenários, sobre os quais pode ler mais aprofundadamente em apdsi.pt, está dependente das wild cards - situações inesperadas e com elevado grau de impacto nas sociedades em geral.

José Gomes Almeida enquadrou que «historicamente o setor tecnológico depende muito do setor militar que exige determinadas condições em quadros bélicos que conduzem a outros desenvolvimentos e servem para testar produtos tecnológicos desenvolvidos para fins militares».


Luís Silva, outro dos membros do GFSI que subscreveu o documento apresentado a 27 de junho, focou-se nalguns aspetos otimistas da evolução tecnológica, como a adoção de hábitos de vida mais saudáveis e o recurso a transportes públicos. «Quem vai alavancar este estilo de vida é a chamada “geração milénio”, que prefere a mobilidade elétrica e uma vida com mais cultura e mais voluntariado. De salientar que, a partir de abril de 2018, todas as viaturas vão estar equipadas com eCall, que vai permitir, nomeadamente, a possibilidade de serem feitas manutenções remotas ao automóvel. Claro que este cenário, bem como os veículos de condução autónoma, vão trazer problemas com hackers e vírus e os roubos de identidade vão ser mais frequentes.

Ainda numa nota positiva aparecem as impressoras a 3D, com as suas infindáveis aplicações na área da saúde, e a redução dos custos de produção, bem como uma evolução da governança “da base para o topo”, como são exemplo os orçamentos participativos.

João Rodrigues, igualmente do GFSI, vai mais longe e aponta como cenário provável «a digitalização de todos os serviços prestados pelo Estado. O Tesla também vai entrar nas baterias domésticas, por isso, o armazenamento, controlo e gestão em tempo real vão mudar o panorama da utilização das energias renováveis e da micro-produção». 

Luís Vidigal e Amaral Gomes dinamizaram a parte final do debate, depois do argumentista Pedro Miguel Ribeiro ter divertido o público presente na Fundação das Comunicações com uma criativa história de um dia na vida de um casal “normal” em 2036.

A APDSI agradece a todos os membros do GFSI a sua colaboração na atividade do grupo e especialmente aos membros que integraram a Task Force que permitiu elaborar o documento: Francisco Tomé, João Rodrigues, José Manuel Gomes Almeida e Luís Filipe Silva.


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